Sunday, June 12, 2011

Naquele dia nada aconteceu. Uma criança de cinco anos fez bolo pela primeira vez. Deus criou o universo. Uma carta de despedida embaixo do travesseiro. O bêbado tentando relembrar as lições de trigonometria do professor Ledoux. Um homem sem camisa e suado ajuntando uma moeda do chão. Um punhado de areia monazítica para enterrar o papagaio morto. Mickey e Pateta sendo retratados com o um casal homossexual. Um micro empresário falido planejando o suicídio. Duas prostitutas granfinas fazendo compras na Daslu. Dezessete mil, 942 mentiras sendo ditas por segundo ao redor do mundo. Duas horas e 32 minutos ensaiando como pedir remédio para hemorróidas. Uma hora e 46 minutos tentando enfiar a bisnaga de pomada para hemorróidas no próprio ânus. Duzentos e trinta e três litros de esperma sendo ejaculados às 15h33 na Terra. Um pedaço de azul indeciso se não é verde. Um pedaço de verde querendo ser azul. Água benta para o moribundo, santos óleos, belas palavras, bonito enterro, vala comum para o danado, corpos carbonizados, sopa de rins, fígado acebolado e moela ensopada. Suruba na caixa de brinquedos, uma Barbie com gonorréia. Um peixe em cima da televisão, antena, quarto minguante para cortar o cabelo nova para plantar crescente cheia para uivar. A lua se põe. Vinte e cinco milhões de palitos de dente usados ao meio dia em um hemisfério. Este digitador morrendo, um cão, animais se debatendo como loucos, vestígios de vida, um cego defronte, um homem perdido em Dublin, a cobra sendo condenada, um abismo. E todo o resto acontecendo como se nada estivesse acontecendo. E mais nada.

LM