Foi meio estranho,
eu já estava achando que ela só fazia aquele tipo fatal pra me provocar, como
provocaria qualquer otário, até travarmos um daqueles diálogos improváveis no
almoxarifado, ela tinha ido buscar algumas brocas.
—
O que vai ser hoje gatona?
—
Pro serviço... brocas.
—
E pra fora do serviço?
—
Não sei ainda.
—
O que um cara tem que fazer pra sair como uma gata como você?
—
Depende. Se for um cara legal, bom amigo, bom pai de família, daí não tem
chance, assim já tenho um em casa. Se for um cara querendo se divertir e se for
um cara que saiba como tratar uma mulher, é só convidar.
—
Que tal hoje, depois do serviço?
—
Não dá, o Renato vem me pegar todos os dias.
—
Aham! Então quando?
—
Saio para caminhar todas as noites, lá pelas oito. Tenho até às dez.
Marcamos o encontro
e o mais estranho é que foi preciso falar muita coisa, fazer galanteios, esse
tipo de frescura, ela sabia exatamente o que queria. Fomos a um motelzinho
barato, pedi uma cerveja, falamos algumas coisas superficiais e de repente nos
agarramos e nos beijamos feito loucos. Arrancamos nossas roupas, não tínhamos
tempo a perder com conversas, nossos minutos estavam cronometrados. Foi uma
transa muito louca, ela me xingava, me chamava de tarado filho da puta, me
baita, cuspia na minha cara dizendo que eu não passava de um maldito vagabundo,
e cada xingamento pedia para eu meter mais forte, com raiva, afinal ela era uma
menina má que precisava ser castigada, então me pedia para eu botar força e
enfiar com raiva.
Ficamos uma hora e
meia neste frenesi, ela me xingando de filho de uma cadela sarnenta, eu a
chamando de vadia sem vergonha, minha putinha porca e nos abraçávamos, nos
enroscávamos como se fossemos duas cobras entrelaçadas. Não dava pra saber onde
começava um e onde terminava o outro. Ao final eu estava exausto, parecia que
tinha brigado por umas duas horas e apanhado uma bela surra. Por um instante
ela estava luminosa, mas logo voltou a assumir aquela pose de pantera caçando,
esquiva, insinuante, fugidia. Saímos, não falamos quase nada, nos despedimos
sem nos beijar. Antes de ir pra minha casa a chamei e perguntei.
—
Quando nos encontramos de novo?
—
Você até que se comportou bem, tenha paciência, eu te aviso.
Os dias seguintes
foram um suplício. Eu andava obcecado, só pensava naquela transa, parecia até
um garoto depois da primeira fóda. Era só ela aparecer no almoxarifado que eu
tinha que ir pra trás das prateleiras tocar uma bronha. Já nem prestava atenção
direito no trabalho, entregava material trocado, não dava baixa direito nas
saídas e não registrava as entradas. Até que o Lourival me chamou.
—
Vai tomar no cu. Você tá querendo sair. É só falar, não fica de sacanagem que
eu te ferro, seu merda.
—
Não é isso, cara, é que ando com uns problemas, não posso sair agora, eu vou
dar um jeito de melhorar.
—
Se eu te chamar aqui mais uma vez vai ser pra dar um chute na tua bunda.
—
Deixa comigo, não vou dar mole. Quando eu quiser sair te aviso antes.
Foram quatro longas
semanas, tive de me concentrar, para de me masturbar no serviço e fazer meu
servicinho mal feito, até que ela deu o sunal.
—
Hoje à noite, no mesmo lugar e hora. Vai quente homem solitário.
A segunda transa foi
ainda mais louca do que a primeira. Ela parecia estar possuída. Ficava o tempo
todo me xingando e provocando “O que você quer aqui seu bosta? Quer me comer?
Então fóde feito homem.”, me chamando de filho de uma égua. Não dava tempo para
eu descansar, depois de ter gozado a primeira vez, fui tomar uma cerveja, nem
pude terminar de beber e ela veio atrás, me abraçou e agarrou minhas bolas, e
enquanto se abaixava pra fazer um boquete ia me xingando mais “Seu bundão de
merda, se quiser descansar fica em casa se embebedando sozinho, bota essa coisa
mole pra funcionar antes que eu arranque tuas bolas.”. E enquanto me sugava até
a alma, arranhava minha bunda, minhas pernas, me batia, era mesmo uma
pervertida gostosa.
Entramos em um
acordo tácito. Não falávamos quase nada, quando ela queria sair, dava uma
passada no almoxarifado e dizia o horário. No motel de sempre também mal
conversávamos, fora os xingamentos mútuos durante a transa, trocávamos no
máximo meia dúzia de palavras. Era para ser perfeito, mas eu comecei a querer
mais, já tinha o corpo, o prazer carnal, tudo o que poderia me importar, mesmo
assim comecei a ficar incomodado. O que eu poderia querer a mais? Não tinha
compromisso, podia sair com os amigos, arranjar outras garotas, não precisava dar
satisfação alguma, ela não me cobrava nada, não exigia que eu percebesse quando
tinha cortado o cabelo, ou quando tinha feito a sobrancelha, era só obtermos
prazer sem culpa nem compromisso. O que mais eu poderia querer?
Continua...
LM