Sunday, June 15, 2014

Um diálogo possível entre amantes

— Quase esqueço da descarga.
— Baixou a tampa?
— Acho...
— Vai lá. Não podemos deixar vestígio, ele é tão bom, morreria se alguma coisa o magoasse.
— Não por menos! Minha patroa também é uma santa.
— Uma anta! Pra te aturar...
— Fala assim não.
— Tal e qual.
— Agora que me usou...
— Tá bom! Você até que é bem gostosinho, um diabinho, mas só na cama. Só assim me interessa.
— Gosto tanto de ti. Sua ingrata.
— Gosta uma ova. E se gosta, desgosta, não sou mulher pra você.
— Mas a gente se dá tão bem.
— Só na cama, já disse. E pára de lenga-lenga, tu tem tua família, eu a minha, não complica o que tá bom.
— Que tal um churrasco lá em casa. Leva ele e as crianças, os pequenos se dão bem, iam brincar um montão.
— Deus me livre! Tá vendo, tu não tem ideia que se aproveite.
— Nem é assim. Pensa, quanto mais naturalmente agirmos, melhor será e vocês já foram lá em casa, a Ana até pergunta quando vamos marcar algo.
— É, talvez. O Jorge também já perguntou por que não fizemos mais nada.
— Então... Assim a gente se vê mais um pouquinho e ainda fazemos um agrado em casa.
— Talvez não esteja tão errado.
— Já vou ligar pra Ana, foi ao mercado. Mando comprar umas chuletas.
— Ué? Não atendeu...
— Vou ligar pro Jorge, ele foi levar o carro pra trocar o óleo.

— Também não atende...

LM