Não
teve o som de palavras, simplesmente enfiou um tapa na minha cara. Fechei com
violência minha mão: com um soco quebro aquele nariz esnobe. Algumas pessoas distribuindo
folhetos de religião nos olhavam. Se desse o soco, chamariam a polícia, melhor
resolver isso depois.
—
Sua puta louca! — Falei entre os dentes, enérgico sem gritar. Os crentes nos
vigiavam.
—
Você é um cachorro! Um cachorro vadio e sarnento que só me procura quando quer
dar um trepada.
— Cachorros
vadios só vão atrás de cadelas no cio.
Outro
tapa. Desviei, se levasse mais um não iria dar a mínima para os crentes. Se
aproximavam, disfarçadamente.
— Se
tentar me bater mais uma vez, juro pela virgindade de Nossa Senhora que eu te
arrebento aqui mesmo.
—
Não fique blasfemando, você nem acredita...
— E
você acredita muito mesmo! Só esquece um pouquinho quando tá gemendo e uivando
que nem uma cadelinha...
—
Cachorro filho da puta! Seu merda!
Xingamentos.
Sinal de que estava ficando com tesão.
—
Deixa de besteira. Vamos sair daqui antes que aqueles crentes tentem nos
converter.
—
Você! Eu já frequento a igreja.
—
Eu sei, sei que faz tudo direitinho, como manda padre, pastor, bispo,
missionário. É boa esposa, excelente
mãe. Só de vez em quando se dá ao direito de aproveitar um quarto de hora, sem
fazer mal pra ninguém, só uma relaxada e uma transa bem gostosa com teu
cachorro. Uma cerveja. De vez em quando, Deus nem percebe, nem liga.
— Não
fala assim de Deus, sabe que acredito.
Perto
da praça tinha um hotelzinho, o de sempre. Melhor longe dos olhares santos.
—
Vem cá minha cadelinha gostosa.
—
Ui! Cachorro filho da puta. Tarado! Vai me deixar de quatro, dar tapas na bunda
da tua cadelinha? Ela tá precisando de uma lição. Uma lição bem dura.
—
Vou fazer tudo que minha cadelinha gostosa quiser...
—
Todo cachorro tem sua cadela.
LM
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