Thursday, March 09, 2006

pequenos textos de sem destino

Agora escrevo abertamente sem ninguém ver. Invisível no meio da multidão digital.
Vejo um Nietzsche desenhado com cara de louco. Não sei quem é esse cara com nome difícil, só acho que ele deveria aparar um pouco o bigodão.

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toda a vez que penetro na tua noite
sinto fisgadas de luz nas minhas narinas

teus cheiros trazem meus vícios
e minhas mãos se amputam

não me é permitido tocar em carnes
noites
e demais finitudes

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O ponto da santa

Só eu e ela. O ônibus estava atrasado. Ninguém por perto, só eu e ela no ponto. Não tinha jeito de puta e isso me deixou em dúvida. Sempre tem alguma garota trabalhando naquelas imediações, mas não aquela. Tão distinta. Estávamos sentados, cada um numa extremidade do banco. Tirei o pau para fora da calça e me aproximei sem levantar do banco.
- Que horas são moça?
- Cinco p'ras onze. - Respondeu sem olhar para mim.
Tão distinta, absoluta, cheia de uma beleza requintada. Roupas finas e ousadas apenas o suficiente para alimentar as imaginações. Perfeita.
Apenas nós dois. Aquele pedaço de carne amolecida, se resfriando fora da calça, destoava da cena. Uma mulher tão especial que a purificava. Uma santa sem altar.
- Chupa?
- Trinta pila. - Respondeu sem olhar para mim.

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