pequenos textos de sem destino
Agora escrevo abertamente sem ninguém ver. Invisível no meio da multidão digital.
Vejo um Nietzsche desenhado com cara de louco. Não sei quem é esse cara com nome difícil, só acho que ele deveria aparar um pouco o bigodão.
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
toda a vez que penetro na tua noite
sinto fisgadas de luz nas minhas narinas
teus cheiros trazem meus vícios
e minhas mãos se amputam
não me é permitido tocar em carnes
noites
e demais finitudes
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
O ponto da santa
Só eu e ela. O ônibus estava atrasado. Ninguém por perto, só eu e ela no ponto. Não tinha jeito de puta e isso me deixou em dúvida. Sempre tem alguma garota trabalhando naquelas imediações, mas não aquela. Tão distinta. Estávamos sentados, cada um numa extremidade do banco. Tirei o pau para fora da calça e me aproximei sem levantar do banco.
- Que horas são moça?
- Cinco p'ras onze. - Respondeu sem olhar para mim.
Tão distinta, absoluta, cheia de uma beleza requintada. Roupas finas e ousadas apenas o suficiente para alimentar as imaginações. Perfeita.
Apenas nós dois. Aquele pedaço de carne amolecida, se resfriando fora da calça, destoava da cena. Uma mulher tão especial que a purificava. Uma santa sem altar.
- Chupa?
- Trinta pila. - Respondeu sem olhar para mim.
No comments:
Post a Comment