Sunday, January 23, 2011

Tinha um sapo no ranchinho, pegajoso, gelado, verruguento e Sandra precisava entrar lá pegar a bicicleta para o pai. Não teve jeito, preferiu levar uma bronca. Talvez um sapo fosse uma das únicas coisas que podiam fazê-la recuar, ela era impossível. Quebrava os dentes ─sorte serem de leite─; perdia os brincos nos fundos da casa, brincando de pega-pega, para achá-los, muito tempo depois, na rua em frente da casa, brincando de pular corda; jamais conseguia cicatrizar os esfolados dos joelhos e para disfarçar novas quedas, fazia-se um curativo com retalhos de folhas de bananeira, não sarava, mas o verde fresquinho era gostoso.
Cresceu, não esfolou mais os joelhos nem quebrou os dentes, mas trouxe da infância o medo de sapo, agora não pode pegar limões, tem um pegajoso, gelado, verruguento bem embaixo do limoeiro.

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