Tuesday, August 02, 2016

Ela fotografava os meus pés. Perguntei o motivo: era para fotografar meus caminhos percorridos. Tentei refazê-los mentalmente, percebi que andava em círculos. Sempre em círculos, cada vez menores.
13-09-15

Libertar-se das amarras custou-lhe dois braços, justamente os utilizados para os abraços e para as artes. Sobraram os de serventia ao trabalho, os das lutas e aqueles próprios para os acenos de adeus de toda ordem.
11-09-15

Simulava o silêncio para tagarelar em seu íntimo. Conversas e discursos, só do córtex ao sonho e, pela manhã, uma xicara de café preto, no pão margarina e a língua. Esta era a receita dos dias mal falados.
10-09-15

Sempre trazia no bolso do paletó, umas dez palavras bem escolhidas. Para se defender ou alguma emergência. Naquela manhã, coisa nunca vista, esqueceu-as sobre a cômoda e naquela manhã, conheceu Consuelo. Calou-se, não disse a..., nem respondeu perguntas. Sem defesa, foi devorado e as palavras se empoeiram sobre a cômoda.
09-09-15

Festejavam as pessoas de bem enquanto a besta fera agonizava. Tinham-na subjugada e para maior humilhação, deixariam que as crianças atravessassem seu corpo com as lanças. Alguns meninos e meninas se negaram, foi o alerta para as autoridades reformularem os currículos escolares: eram muito jovens para pensarem e para reabilitá-los, seriam internados para tratamento com choques e drogas

07-09-15

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